A gente é fazendo aquilo que gosta.
Mas isso não implica, necessariamente, em fazer “somente” o que gosta. Isso não existe e não ajudaria ninguém a crescer como pessoa e nem como profissional.
A gente é fazendo aquilo que gosta quando escolhe inserir o prazer na rotina, na vida e no trabalho, mesmo diante do caos ou quando tudo parece não caminhar exatamente como o desejado ou planejado.
Gosto de escrever.
Sempre gostei e isso faz parte da minha rotina há anos. Já escrevi muitos textos por prazer e outros tantos por necessidade, ou seja, por que “tinha que”.
Escrever foi um dos motivos que me levou a buscar uma formação que me deixasse mais próxima possível deste ofício: o jornalismo.
Faz um bom tempo que saí das redações. Boa parte da minha carreira foi construída no ambiente de comunicação corporativa, onde a escrita fazia parte, me preenchia, mas ainda assim faltava, porque sempre falta.
Faltava um espaço para além do escritório. Para além do “tem que”.
Antes do jornalismo eu escrevia cartas. Muitas cartas! Para mim, para minha bisavó Ana, de Recife, e para as amigas que saíam do colégio e moravam em outras cidades. Elas iam e eu ficava.
Era um jeito de mantermos contato, apesar da distância, já que ainda não existia internet. Hoje entendo que também era uma forma de me conectar com suas histórias e vivências em outros lugares, com culturas e costumes diferentes dos meus. Eu amava saber como era viver em outra cidade ou país.
Faz tempo que estou “namorando” a ideia de fazer uma newsletter. Um espaço para escrever sem a “pressão” (interna e externa) da Camila jornalista, das redações, do corporativo, dos algoritmos, das tendências ou do “ter que fazer isso e/ou aquilo”.
Será um laboratório de “constância” com crônicas sobre literatura, arte, comunicação, escrita e o meu (novo) olhar sobre a Itália, onde me mudei recentemente e, apesar do pouco tempo, sinto que é onde eu deveria estar, mesmo sem saber que aqui (já) era o meu lugar.
“Onde a palavra mora” vai chegar no seu e-mail toda terça-feira.
É só colocar seu endereço aqui abaixo para não perder nenhuma edição.
Ah, é gratuita!
Por que “Onde a palavra mora”?
- Mamãe, onde o shopping mora?
Meu filho, Pietro, tinha 3 anos quando fez essa pergunta para mim. Estávamos no carro, a caminho do shopping.
Anotei-a no meu bloco de notas, porque a forma como ele empregou o verbo “morar” na frase chamou minha atenção.
Depois de tantas mudanças de casa e agora de país (a mais recente e a menos planejada de todas), pensei muito sobre o que o verbo morar representa para mim.
Morar = viver, conforto, segurança, confiança, amor.
Se para o meu filho o shopping morava em algum lugar, por que não poderia pensar que as palavras também moram em algum lugar?
Lemos, escutamos e sentimos palavras a todo momento. Elas estão aqui e ali presentes em vários formatos. Verbalizadas, escritas, sentidas e (até) omitidas, dentro e fora da gente. Em algum lugar elas estão, de fato, morando.
Todos nós desejamos “morar”.
A palavra mora. E nesta newsletter ela também terá sua morada.
Benvenuto!
Quando se mora em outro país, é preciso nos adaptar em todos os sentidos, ao fuso-horário, a rotina, um novo endereço, novos cardápios etc. É preciso muita resiliência, pois temos que aprender tudo do zero, leis de trânsito, tirar documentos, novos médicos, se ajustar à comunidade e muito mais. Sem contar a saudade dos que ficaram para trás. Aos poucos tudo vai se ajustando. Desejo que essa comunidade seja a morada de muitos na mesma situação.