Fiz 40 (finalmente)!
Mas antes de chegar até aqui, lá nos meus 38 eu temi o dia 7 de janeiro de 2024.
Descobri que dois anos antes de completar as idades que chamo de “redondas” (20, 30, 40…), sinto uma certa “crise”. Foi assim aos 18, 28 e 38. Acredito que também será com os 48, 58, 68, 78, 88 e (com muita sorte) aos 98.
Quero saber como será o lado de lá depois que o portal do número redondo se abre, sabe? Ter uma espécie de spoiler, mas na dose certa para não estragar todas as surpresas da vida.
As perguntas mais comuns que me faço são:
O que quero fazer?
O que deixei de fazer e ainda dá tempo?
Como ainda quero viver?
Como quero ser?
Nos anos que antecedem as idades redondas, faço balanços do que foi e do que (acho) que será adiante. E nessa matemática quem sofre é o oito, coitado. É sempre um período mais agitado, ansioso e inseguro. É lá que deposito todos os receios para que o ano da idade nova e redonda venha mais leve. E ele vem (ainda bem)!
Desta vez, estranhamente, estou pensando mais longe: lá nos 80. Penso em como desejo estar com (muita) saúde e com a vida ainda independente no meu ir e vir, porque independência é algo que valorizo bastante.
Acho que essa percepção está mais aguçada pelo tanto de senhoras (de tênis) que vêm cruzando meu caminho aqui na Itália, como falei na News #2.
Tenho a impressão de que ser idosa/o aqui (com 80+) é diferente daquilo que sempre estive acostumada a ver no Brasil. O tempo, a saúde e a independência dos italianos mais velhos são diferentes. E isso tem me impressionado bastante.
Voltando lá aos meus 38, minha maior preocupação naquele período estava na carreira. E aí veio a pandemia para intensificar a angústia.
Onde eu desejo trabalhar aos 40?
O que eu quero fazer?
O que não desejo mais?
Para não guardar a ansiedade só para mim, resolvi dividi-la com algumas pessoas mais próximas e até desconhecidas. Quando surgia uma oportunidade, perguntava:
Você se sentiu estranha/o antes de fazer 40 anos?
Você está na porta dos 40 também? Como se sente?
As respostas eram variadas. Algumas diziam que sim, outras falavam que o impacto apareceu depois.
A melhor resposta de todas veio da minha própria mãe.
Na véspera do meu aniversário perguntei para ela:
Mãe, como foi para a senhora completar 40 anos? O que a senhora sentiu?
Ela me respondeu bem daquele jeito (pragmático) dona Vera de ser:
“Na minha época a gente não pensava muito nisso, Camila. Fazia o aniversário como outro qualquer. Agora vocês pensam demais!”.
Era melhor ter escutado isso lá nos meus 38. Teria sido mais leve o fatídico oito.
Colheita de palavras
Um espaço onde as palavras das crianças vão morar.
A melhor definição que escutei até agora sobre o que é a Itália:
“Mamãe, eu acho que a Itália é o país do idoso e o paraíso do sorvete”.
(Pietro, 7 anos)
Piano piano
“Imparare piano piano” (Aprender devagar, no seu tempo, aos poucos).
Una parola magica. A primeira música que o Pietro cantou inteira e sozinho (do nada) dentro do carro. Aprendeu na escola. O significado é bem bonito! Fala sobre agradecimento, tanto para as coisas boas como ruins também.
Aleatoriedade
Li, assisti, gostei, me inspirei, salvei e compartilho aqui com você.
O que líderes globais esperam da indústria da comunicação em 2024. A Inteligência Artificial no centro das atenções este ano também. Não dá para ignorá-la.
“Se todo mundo quer filmar um momento mágico, quantos sobram com presença e atenção para viver a mágica do momento?”. Sobre o vídeo da virada de Ano Novo em Paris e essa nossa relação (dependente) de captar a todo custo os “melhores” momentos.
Como nasceu o Pokémon. Sobre criatividade e a nossa atenção para o que gostávamos na infância.
Você também pode me encontrar no:
Camila, começar a sofrer dois anos antes é muito tempo. Deixa agora para os 49, economize um ano!
De qualquer forma, excelente reflexão. Minha crise foi pré-60. Nos 40 e 50 eu encarei como sua mãe - é a vida, que bom que estou comemorando; e agora estou pensando que tenho mais tempo vivido do que para viver, então busco ter menos crises e mais desfrute!