Na própria companhia
Edição #6 | Combinados que fazemos conosco para que os planos (pessoais e profissionais) se tornem possíveis.
-Vou ali comprar um cigarro.
(p.s. Eu não fumo).
Essa é a “frase-senha” para demonstrar ao meu marido quando quero e (preciso) ficar sozinha. Um código que criamos internamente depois que as crianças nasceram.
Pode parecer egoísmo, abandono, mas não é (juro!). É como se fosse aquele momento de “liberdade” que queremos ter por algumas horinhas quando nos tornamos pais, mas nem sempre conseguimos encaixar na rotina.
Ser mãe, para mim, é maravilhoso! A melhor decisão que tomei e consegui concretizar mesmo com todos os medos, preocupações, inseguranças e malabarismos que vêm juntos no pacote da maternidade.
Mas tem dias, confesso, que quero ir ali comprar um cigarro. Não é sumir para não voltar (jamais!), é só sair por algumas horas, me energizar de mim mesma e retornar com o gás que as crianças merecem (e eu também). Elas sentem a diferença quando consigo fazer isso. E, garanto, todos nós somos beneficiados em casa.
Compreendi a importância de atender essa (própria) necessidade quando minha filha estava com quase dois meses e eu ainda tentava entender e encaixar a dinâmica do cuidado com ela e o irmão que já tinha três anos.
Estava numa festa de aniversário e perguntei para uma amiga que também tinha acabado de ter o segundo filho:
-Como você está? O que está achando dessa segunda maternidade?
-Estou bem Camila, mas me sinto perdida.
-Perdida de quê?
-Perdida de mim mesma.
Bingo!
Em menos de um minuto de conversa ela conseguiu com uma frase tão simples traduzir tudo o que eu também sentia e, volta e meia, essa sensação aparece (hoje bem menos do que antes). Obviamente, a insônia tomou conta daquela noite e fiquei durante horas tentando decifrar o enigma da frase.
Com o primeiro filho, meu desejo de lembrar como era a Camila antes da maternidade foi tão latente que voltar da licença para o trabalho me pareceu um prêmio. A incoerência era eu me sentir culpada pela alegria de retornar ao mundo corporativo.
As colegas diziam: -Dá uma dó colocar o filho na creche, né?
Eu respondia: -Para ser bem sincera, estou amando voltar ao trabalho!
Na quarta vez que respondi isso, notei os olhares de “desaprovação” de algumas mães. E foi ali que entendi uma máxima importante para quem é mãe de primeira viagem e volta ao trabalho externo (ou não também):
Nem tudo precisa ser dito.
Para não ter que explicar o que nem eu estava conseguindo entender em mim, decidi mudar o discurso e me “enquadrar”:
-É verdade! Sinto muita dó dele na creche.
Marina chegou depois de três anos para mudar minha relação com a maternidade e chacoalhar a vontade de me “desenquadrar”.
Nasceu seis meses antes do caos se instalar no mundo. E foi ali, durante a loucura da pandemia, que entendi o quanto era bom ser mãe (também) mais horas do dia do que preencher quase todo o meu tempo no ambiente corporativo.
Consegui vê-la dar os primeiros passos, falar a primeira palavra (mammãaeee), interagir com o irmão e tantas outras coisas legais que, às vezes, acho que não aproveitei tanto como deveria na primeira viagem (o Pietro ainda bebê). Consegui fazer tudo dividindo melhor o tempo entre cuidar deles e continuar minha carreira (que amo muito também).
Trabalhar e também estar mais com eles hoje me completam. O desejo de ir ali comprar o cigarro, que nunca vou fumar, mudou. Ele vem, mas não com a mesma intensidade de antes.
Tornou-se um combinado comigo, para não me esquecer de que também sou a Camila antes de ser mãe. Um papel que chegou depois, ganhou um espaço enorme na agenda, tenho consciência de que será eterno, mas não é o único que existe.
Posso sim, além de mãe, ser várias Camilas porque uma sempre vai completar as outras.
Colheita de palavras
Um espaço onde as palavras das crianças vão morar.
Enchi de beijos a bochecha da Marina e ela me soltou essa:
-Mamãe, o beijo tá vindo dentro da minha barriga pra ficar um bom amor em mim.
❤️
Piano piano
“Imparare piano piano” (Aprender devagar, no seu tempo, aos poucos).
Como os italianos mandam mensagem de texto. Achei interessante saber que eles também têm uma linguagem própria de abreviação de palavras em conversas no whats.
Fare = um verbo com tantas possibilidades de uso.
Aleatoriedade
Li, assisti, gostei, me inspirei, salvei e compartilho aqui com você.
Há cinco anos escrevi este artigo. Lembro exatamente como e onde estava quando comecei a rascunhá-lo. Todo janeiro eu o revisito para ver se continuo com esse mesmo pensamento em relação à ansiedade que criamos com a palavra “propósito”.
Empregos em alta em 2024, segundo o LinkedIn, e os 25 cargos que mais crescem no Brasil. A Comunicação está entre as vagas, é claro.
Um super guia para quem quer conhecer Lima, no Peru, escrito pela colega jornalista Maria Angélica Oliveira que também está dando um show com suas dicas no instagram.
Você também pode me encontrar no:
Esse momento comprar um cigarro, se deu outro dia comigo, quando conversando com uma amiga, que agora mora em João Pessoa, ela me disse que seus olhos estão repletos de mar (oh, delícia). Meu cigarro foi acabar a conversa, sentar e escrever um poema... Cada um retoma seu lugar como pode e pronto. Equilíbrio total ( e o poema foi compartilhado no instagram, no feed.
https://www.instagram.com/p/C2CyfcBucoR/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==