Viagens inventadas
Edição #10 | Para quem gosta de crônicas e (quase) contos, do escritor Marinaldo Custódio.
Quem mora em Cuiabá-MT e anda a pé ou de carro ali pela General Mello é bem provável que já tenha visto o Marinaldo Custódio caminhando pelas calçadas, sob o sol escaldante de 40 graus, com sua mochila a tiracolo e os olhos atentos ao que pode render uma próxima crônica.
Marinaldo é articulista, cronista, ensaísta, contador de histórias, professor, jornalista e revisor (dos bons!).
Leu e revisou minha primeira crônica publicada em 2007 no extinto jornal Folha do Estado, onde trabalhei quase dois anos no caderno de Economia assim que me formei em Comunicação Social/Jornalismo.
Eu estava saindo da redação e ele entrou para começar seu turno no setor de revisão. Me parou e disse:
Gostei da sua crônica. Escreva mais.
Levei um susto e, ao mesmo tempo, fiquei feliz com esse retorno inesperado.
Não o conhecia no jornal, porque nossos horários eram diferentes. Naquele dia saí um pouco mais tarde e ele chegou mais cedo - uma feliz coincidência.
Desobediente, não segui seu conselho. Hoje entendo todas as desculpas (esfarrapadas) que usei para não continuar meus projetos de escrita como gostaria. Me dediquei mais a escrever para o outro (é o meu trabalho e continuo porque gosto muito) do que para mim.
Logo depois dessa primeira publicação, recebi um e-mail do diretor do grupo “Pessoal do Ânima” (guardo até hoje com carinho) dizendo o quanto aquela crônica animou os jovens artistas. Foi aí que entendi a força das palavras.
Um mês antes da minha mudança para a Itália, procurei Marinaldo para me ajudar na doação de alguns livros e na venda de outros.
Conversa vai e conversa vem, falamos sobre livros, o mercado editorial e sua vida de escritor. Confidenciou-me o desejo de furar a bolha e ser lido além das fronteiras do país. Só quem nasce e cresce (como eu), está ou vive no meio do mapa do Brasil entende. Mato Grosso é maravilhoso - com toda sua particularidade especial (calor, belezas naturais, oportunidades, pessoas queridas) - mas é geograficamente longe de tudo. Um estado distante, inclusive, dentro do próprio país.
Como sair da bolha se você não está nas redes sociais Marinaldo?
Perguntei já suspeitando qual seria a resposta.
Tenho preguiça e gosto da minha privacidade.
Tentei argumentar mais um pouco, mesmo reconhecendo os (muitos) benefícios mentais de uma vida mais low profile na internet.
Utilize-as para divulgar seus trabalhos. Escolha uma só.
É como dizem e (no fundo) sabemos: hoje se não temos um login nas redes sociais, é como se não existíssemos.
Ou escolhemos nos dedicar a pelo menos uma delas para sermos vistos, lembrados, conectados e nossos serviços/produtos comprados, ou simplesmente não existimos (será mesmo?).
Assim como Marinaldo foi incentivado pelos amigos Juliano Moreno e Wander Antunes a “enfrentar a fera” da publicação ficcional, quem escreve sempre encontra bons apoiadores e/ou mentores pelo caminho. O próprio Marinaldo me ajudou a olhar para a escrita com mais carinho lá em 2007. Obrigada!
Às vezes precisamos dos olhos de alguém de fora para conseguirmos enxergar o que já está dentro. O melhor é o movimento contrário: primeiro ver dentro (por nós) e depois encarar as validações de fora (pelos outros). Nem sempre essa ordem é possível e muito menos fácil.
Se você gosta de crônicas, indico Viagens inventadas: crônicas e quase contos (link). Uma obra publicada em 2010, pela editora Entrelinhas, que traz o real e o imaginário de um escritor que saiu do oeste paulista para Mato Grosso e realizou, como me disse recentemente, seu maior sonho de infância: escrever e publicar suas histórias em livro.
Aguardo o próximo Marinaldo! E trate de publicá-lo na versão digital, para facilitar minha vida aqui na Itália e de outros leitores (além das fronteiras do Brasil) que desejarem te ler também.

→ Sobre o livro
Do registro entre o real e o imaginário, das estradas percorridas entre o Oeste paulista e Mato Grosso, faz-se este Viagens Inventadas: crônicas e quase contos. Mas faz-se também, muito, de gente andando pelas ruas, de mesa de bar, de coisas e personagens relacionados a universidades, bancas de jornal e revista, livrarias, cafés, redação de jornal e, principalmente, de música popular – englobando todas as modalidades, da MPB ao rock rural, do romântico brega ao caipira (ou sertanejo). Traduz um mundo particular, um certo jeito de ver o mundo, de ver o Brasil (especialmente o Brasil de dentro, do interior), numa trajetória que vai do Oeste paulista, do córrego do Tanquinho, entre Mesópolis e Paranapuã, às barrancas do Paraguai e do Jauru, em Mato Grosso. No caminho, Votuporanga, São Paulo, Bauru, Cuiabá, Chapada dos Guimarães e São José dos Quatro Marcos, entre outros, que vão lhe servindo de cenário para as crônicas e os (quase) contos.
Colheita de palavras
Um espaço onde as palavras das crianças vão morar.
Por aqui ainda está tendo o Carnavale di Foiano aos domingos. Fomos mais uma vez e a diversão depois migrou para o papel.
Piano piano
“Imparare piano piano” (Aprender devagar, no seu tempo, aos poucos).
Compartilho mais alguns links complementares das últimas aulas de italiano que tive por aqui.
→ A pronúncia e os diferentes sons do G dolce (doce) e duro.
→ Sobre os verbos riflessivi (reflexivos).
Aleatoriedade
Li, assisti, gostei, me inspirei, salvei e compartilho aqui com você.
Uma facilitação gráfica (aqui) sobre o que é e será o mundo pós-emprego, segundo insights da Rosa Alegria. O que você acha?
Um TEDx sobre "O Tempo, as Telas e o Valor da Sua Atenção” (aqui), da
, que adoro rever e compartilhar. Fala sobre essa nossa relação com a internet e as redes sociais.Algumas tendências de marketing para 2024 (aqui), segundo pesquisa feita pela agência Conversion com mais de 600 executivos.
✉ → Edições anteriores da newsletter “Onde a palavra mora” (aqui).
Você também pode me encontrar no:
Amei…. Aumentou minha admiração por Marinaldo
Li este livro há pouco mais de uma semana. Estava em falta com o revisor do meu mais recente livro, que deve ser lançado em breve. Reconheci boa parte dos personagens das crônicas, anos 80/90, quando todo mundo conhecia todo mundo em Cuiabá... Ele tem um carinho enorme pelas palavras. E tenho certeza que trabalharemos em mais alguns dos meus escritos.
Não pare Camila, seja fantasma e autora, dá para ser tudo junto, não misturando.