Imigrar é acreditar e recomeçar.
É entender que as palavras adaptação e paciência são parceiras de longa data. Andam juntas, de mãos dadas.
É relembrar os (vários) motivos que te trouxeram até aqui.
É não ter certeza de tudo, mas o mínimo de clareza possível do que você deseja.
É aprender que só conseguimos (realmente) ter controle daquilo que está ao nosso alcance.
É deixar os vários "e se" de lado e se concentrar no que é mais importante.
É descobrir que faltou planejamento (sim), mas talvez, se não fosse assim, não teria acontecido.
É conseguir alugar uma casa, sabendo que é ela quem te escolhe, não o contrário.
É aceitar com mais compaixão seus medos, dúvidas e inseguranças. E transformá-los em experiências, coragem e muita paciência.
É curtir mais o "processo" da mudança, da adaptação, das conquistas e (até) dos perrengues. E nesse percurso descobrir que sua ansiedade só atrapalha.
É torcer para os filhos gostarem da escola, das professoras e dos amigos. E, de preferência, que não fiquem doentes (nunca) até você entender como funciona o sistema de saúde.
É se sentir estrangeira de si mesma algumas ou muitas vezes.
É aprender, na vida adulta, um novo idioma. Sentir vergonha, errar palavras, esquecer palavras, trocar palavras, cometer gafes, mas também comemorar quando reconhece os significados.
É ficar encantada com a naturalidade das crianças falando, lendo e escrevendo em italiano e se inspirar para encontrar a mesma energia no próprio aprendizado.
É ressignificar crenças (limitadas e atrasadas) de que tem idade "certa" para estudar uma nova língua.
É ver os filhos com uma saudade enorme “di Brasil”, dos avós, primos, tias, tios, amigos e do churrasquinho. Acolhê-los e fazer o seu melhor para que eles também gostem do novo lar.
É contar com o apoio e a torcida positiva da família maravilhosa que está em outro continente.
É ter sorte de conhecer pessoas para te ajudar nesse começo, porque muitas delas também passaram pelo mesmo.
É abrir espaço para novas descobertas, encantar-se por elas e querer conhecer mais.
É saber que fazer novas amizades leva tempo. Precisa ser paciente.
É vivenciar a beleza bem definida das estações e sentir como elas interferem no seu humor, planejamento, comportamento e consumo.
É valorizar os meses de verão, cujos dias são mais longos e as noites mais curtas, porque até então você não sabia o que era inverno.
É evitar (por mais difícil que seja) comparações com seu país de origem, porque cada um tem sua cultura, história, beleza, qualidades e desafios.
É constatar o quanto o brasileiro é inovador, arrojado e criativo no mercado de trabalho.
É aprender as coisas boas de uma nova cultura e misturá-las com o que há de melhor da sua.
É fazer o relacionamento permanecer dando certo, porque um precisa do apoio e do amor do outro para continuar.
É sentir saudade (muita!) e, aos poucos, acomodá-la e encurtá-la com a tecnologia, nos encontros virtuais, nas visitas e nos planos de férias.
É aprender a gostar do Carnaval, apesar do frio, porque é bonito demais ver as crianças se divertindo com as serpentinas, vestidas com fantasias de manga e calça compridas.
É escutar do filho que “a Itália é o país do idoso e o paraíso do sorvete" e concordar com ele.
Imigrar é listar (porque adoro uma lista) o tanto que aprendi e cresci no meu primeiro ano de vida aqui.
15 de agosto de 2024, um ano na Itália. ❤️ 🇮🇹
→ Edições anteriores em que compartilhei alguns aprendizados daqui da Itália também:
📚 Piano piano
“Imparare piano piano” (Aprender devagar, no seu tempo, aos poucos).
Hoje é feriado em toda a Itália. Conhecido como Ferragosto, uma das festas religiosas mais importantes celebradas por aqui.
Encontrei neste vídeo uma explicação do que a data representa para os italianos. Não recomendo mudar para cá neste feriado, como nós fizemos (sem saber), porque o comércio fecha mesmo!
🌱 Colheita de palavras
Um espaço onde as palavras das crianças vão morar.
Colheita de palavras das crianças quando voaram pela primeira vez de Cuiabá-MT para a Itália.
Eu gostei de voar.
Eu gostei do avião.
Mamãe, pode dormir no avião?
Mamãe, na minha escola da Itália tem Duda? (uma amiga "di Brasil")
🔎 Descobertas da semana
Li, assisti, gostei, me inspirei, salvei e compartilho aqui com você.
→ Edição lindíssima da
e suas também descobertas sobre a Itália.→ Este vídeo da filósofa Lúcia Helena Galvão que a leitora
compartilhou comigo nos comentários da edição #30 sobre o Pinóquio. Obrigada!→ Pesquisa interessante da Opinion Box sobre como o WhatsApp é considerado um bom canal para se comunicar com as empresas.
→ Criatividade além do ranking: o que podemos aprender com os dados do PISA.
💌 Perdeu alguma edição?
A edição de hoje é especial, para eu reler um dia como enxerguei meu primeiro ano em Arezzo.
Obrigada pela leitura!
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Até a próxima ;)
Abraço!
Camila Tardin
O dia a dia é tão lento e o tempo contado junto tão rápido. Um ano! Quantas experiências inimagináveis há dois anos, não?
Saudades e feliz de ver o dominó cada vez mais longo e bem encaixado.
Beijo
Fico feliz por conhecer suas observações, não se esqueça, "Eu me Amo" e "Tudo Passa".