PECHI.
No, maestra, è P-E-Q-U-I.
Apresentei o ouro do cerrado para a professora e mais 20 estrangeiros em uma das aulas de italiano na última semana.
Ela foi até a lousa digital, clicou no Google e escreveu a palavra pechi, porque o “CHI” em italiano tem o nosso som de “QUI” em português. Precisei corrigi-la, obviamente, e a sensação foi boa já que o assunto faz parte da minha origem e paladar.
De repente, uma imagem linda de arroz com pequi invadiu o telão! Minha boca não se controlou e, automaticamente, encheu d'água. Precisei contê-la para conseguir explicar um pouco sobre essa fruta típica do cerrado brasileiro.
A atividade de conversação era para falar sobre uma fruta característica do nosso país e que não teria na Itália. Num impulso, respondi em voz alta: PEQUI!!!
Depois disso, abri a fila da saudade e da memória de cada um dos alunos que, na sequência, contaram sobre as frutas de seus respectivos países.
Se o pequi fosse uma pessoa, certamente teria como características principais a resiliência, paciência e força.
Seu sinal perfeito de amadurecimento é quando cai no chão, sozinho. O sabor não serve para quem é do tipo “em cima do muro”. Ou você o ama, ou o odeia. Ou é oito, ou oitenta. Por isso é tão particular e tão especial.
Só quem vive o calor do cerrado entende a resiliência do pequi.
Meu (pré) conceito com o aroma da fruta era duvidoso. Não entendia como aquele cheiro forte se daria bem nos pratos de arroz, frango, costelinha ou qualquer outro tipo de receita da culinária mato-grossense.
Levei quase 30 anos para criar vontade de comer um arroz com costelinha de porco e pequi. O mestre do preparo foi meu marido que me convenceu a experimentar e conquistou meu coração (e estômago) com sua habilidade em combinar receitas e ingredientes do nosso cerrado.
Junto do prazer da descoberta veio o arrependimento: como pude ficar tanto tempo sem comer pequi? Quanta costelinha, galinha e arroz amarelinho já perdi de provar?
Para explorar a aula de conversação, tentei explicar sobre os espinhos internos da fruta e o jeito certo de comê-la para não parar no hospital.
É perigosa (alertei), mas é saborosa!
Logo percebi o desencanto da professora. Dava para ter omitido a informação do hospital, né Camila? Certamente ela nunca provará essa maravilha do Brasil.
Terminamos a aula.
A professora ficou sem entender o porquê dos espinhos dentro do pequi e eu sem saber explicar e como convencê-la a experimentá-lo um dia (quem sabe).
A água na boca continuava junto com meu desejo de comer vários pequis bem carnudos, de cor amarelo ouro, dançando na costelinha de porco do meu prato numa terra onde reinam o macarrão, o queijo, o azeite, a uva e o vinho.
🌱 Colheita de palavras
Um espaço onde as palavras das crianças vão morar.
Mamãe, essa árvore parece um guarda-chuva né?
Parece mesmo, Marina.
Piano piano
“Imparare piano piano” (Aprender devagar, no seu tempo, aos poucos).
Um diálogo bem legal de um dia simples no mercado. Palavras para usar no cotidiano italiano para quem quer explorar esse vocabulário.
Aleatoriedade
Li, assisti, gostei, me inspirei, salvei e compartilho aqui com você.
Rizz é uma gíria que vem do inglês (link), uma abreviação "carisma", em português, utilizada pela geração Z. Foi eleita pelo dicionário britânico Oxford como a palavra de 2023. O artigo traz uma reflexão sobre a comunicação entre as diferentes gerações.
Quando uma leitura prescreve? (link). Um texto muito bom do
. “Se há leituras que não se esgotam, também há o movimento inverso”.SXSW em uma palavra (link), pelo olhar da
. Maior festival de tecnologia e inovação do mundo, nos Estados Unidos, onde um dia pretendo ir.
Obrigado pela indicação, Camila :)