Sempre gostei de crônicas. Até mesmo quando nem sabia direito sobre este gênero textual que passeia entre o jornalístico e o literário.
Minhas irmãs assinavam a revista Capricho. Assim que o exemplar chegava em casa, corria (depois delas, claro) para ler as crônicas do escritor e jornalista Antonio Prata que ficavam no final de cada edição. Eu era adolescente e ele, provavelmente, um jovem de mais de 20 anos. Quando lia suas crônicas, era como se ele estivesse conversando comigo na sala.
Adorava o jeito como conseguia trazer alguns dos dilemas dos jovens reunidos em parágrafos bem intercalados, com começo, meio e fim, de maneira simples, direta e ao mesmo tempo reflexiva, divertida e sarcástica.
Parou de publicar na revista, mas continuou escrevendo livros, roteiros e, inclusive, dando oficinas de escrita. Só depois da maternidade descobri que também publicou algumas obras infantis. Lá fui eu adquiri-las para meus filhos. Uma delas chama-se "Jacaré, não!". As crianças gostam até hoje.
Assim começou meu prazer na leitura de crônicas. Depois, com o tempo, curiosidade e maturidade, procurei ler outros cronistas e conheci um pouco mais sobre esse tipo de narrativa durante e depois da faculdade de jornalismo.
Na vida adulta, quem me conquistou foi o Rubem Braga. Suas obras trazem assuntos do cotidiano, o que para mim é bem inspirador pela sensibilidade e simplicidade dos textos. Ele é considerado o inventor da crônica brasileira, escreveu cerca de 15 mil e se manteve fiel ao gênero durante toda sua carreira literária.
Nas recentes pesquisas que fiz sobre o escritor, descobri que foi correspondente de guerra na Itália, durante a segunda Guerra Mundial. Sinceramente (e infelizmente), não me recordo dele nas aulas de literatura do segundo grau. Claro, na época o foco era passar-no-vestibular-e-ponto-final.
Rubem Braga era formado em Direito, mas não exerceu a profissão. Dedicou-se ao jornalismo e à crônica. Seu olhar atento ao cotidiano é muito evidente nos textos. Já percebi também que adorava usar o ponto e vírgula (;) - um sinal ortográfico pouco utilizado por mim.
O livro “Coisas Simples do Cotidiano” reúne algumas de suas publicações em jornais trazendo histórias do dia a dia, cada qual com sua beleza, e sem aquela pretensão de focar no extraordinário que geralmente perseguimos para nos mantermos interessados até o final da leitura. É como se estivéssemos lá dentro da narrativa, mais próximos, mais íntimos, em seus textos curtos, cadenciados e, no meu ponto de vista, gostosos de ler.
Esse livro tem apenas 16 textos, recomendo-o para quem quiser começar a explorar o universo das crônicas. No caso do Antônio Prata, minha dica vai para a obra “Nu, de botas”, em que ele traz, com muito humor e lirismo, memórias da própria infância.
Recentemente, comecei a ler o livro “Sete anos”, da atriz, escritora e roteirista Fernanda Torres. A obra reúne crônicas escritas ao longo de sete anos para jornais e revistas. Estou gostando de conhecer a versão cronista da Fernanda. Já me divertia com suas atuações na TV e no cinema.
O interessante das crônicas é como elas nos permitem ficar mais próximos dos escritores. É um tipo de texto para saborear, ler aos poucos, com calma, antes de dormir, nos intervalos da vida, isto é, naquelas "brechas" do dia a dia.
E você? Tem algum ou alguma cronista favorito/a, amor à primeira vista, para compartilhar comigo também?
*Para saber mais:
→ Este site traz muitas informações sobre as crônicas brasileiras. É bem interessante para quem quer explorar mais esse formato de narrativa.
→ Rubem Braga: o inventor da crônica brasileira. Uma aula bacana sobre o autor.
→ Aqui também tem mais informações sobre o Rubem Braga.
→ Aqui você encontra vários textos reunidos do Rubem Braga no portal Crônicas Brasileiras.
🌱 Colheita de palavras
Um espaço onde as palavras das crianças vão morar.
É proibido chover em dia bonito!!!
Gritou Marina que não queria ir embora do parque por causa da chuva.
📚 Piano piano
“Imparare piano piano” (Aprender devagar, no seu tempo, aos poucos).
Aqui está uma playlist de um canal no youtube com vários diálogos possíveis em italiano.
E aqui outra playlist com músicas em italiano que descobri no mesmo canal.
🔎 Descobertas da semana
Li, assisti, gostei, me inspirei, salvei e compartilho aqui com você.
→ Influencers (exaustas) por obrigação (link).
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Obrigada pela leitura! Espero que esta edição te leve a algum lugar.
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Até a próxima ;)
Abraço!
Camila